Nos últimos posts fizemos um resumo sobre água potável, falando sobre seu significado, importância no covid e sobre dados super importantes trazidos pelo Unicef. Temos falado também sobre escassez de água no Rio de Janeiro e no Brasil, já que nosso país tem vivido a pior crise hídrica dos últimos 91 anos.
Mas, você já parou para pensar nos diversos usos que a água pode ter? No Brasil, a água é utilizada principalmente para irrigação, abastecimento, fins industriais, geração de energia, mineração, aquicultura, navegação, turismo e lazer.
Cada um desses usos da água tem particularidades referentes à quantidade ou qualidade da água, além de alterar as condições naturais das águas superficiais e subterrâneas.
A ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) realiza estudos, levantamentos e cadastros de usuários da água para constantemente aprimorar o conhecimento sobre os usos da água. Assim, com base nesse conhecimento aprimorado, emite normas para garantir o acesso de todos aos recursos hídricos.
A irrigação, o abastecimento, fins industriais e geração de energia são os principais usos, responsáveis pela retirada de 2,098 milhões de litros por segundo dos corpos hídricos. Todos os usos da água continuarão se expandindo nos próximos anos, exceto o abastecimento humano nas regiões rurais, que deverá cair com a redução da população no meio rural.
Abaixo, veja um gráfico da ANA (Agência Nacional de Águas) que mostra a porcentagem da demanda de uso da água no Brasil por setor:
A irrigação é uma prática da agricultura adotada para suprir a deficiência total ou parcial da água utilizada para a produção. Teve forte expansão no nosso país a partir das décadas de 1970 e 1980 através de políticas públicas. O uso da agricultura irrigada é o uso que mais consome água no Brasil e no mundo. Atualmente, o Brasil está entre os países com maior área irrigada do planeta, embora ainda utilize apenas uma pequena parte do seu potencial para a atividade.
A irrigação está presente no nosso dia a dia, seja nos gramados de campos de futebol e de condomínios residenciais, como também através dos alimentos que chegam à nossa mesa como arroz, feijão, legumes, frutas e verduras, pois são produzidos através da irrigação.
A ANA possui estudos que buscam aprimorar as estimativas de demanda de água para irrigação. Se quiser saber mais, é só clicar no link:
ATLAS IRRIGAÇÃO - Uso da Água na Agricultura Irrigada
Apesar de o Brasil ser considerado a maior potência hídrica do planeta por possuir a maior reserva de água doce do mundo, possui 12% de toda água doce da Terra. Ainda assim, há deficiência no abastecimento de água potável devido a má distribuição geográfica de água pelo nosso país.
As maiores reservas de água doce do Brasil estão na região Norte, porém a maior densidade populacional está nas regiões Sudeste e Nordeste, com 41,9% e 27,6% respectivamente. A maioria da população brasileira reside nessas duas regiões, enquanto na região Norte, onde estão as maiores reservas de água, residem apenas 8,6% da população brasileira. Tanto a região Sudeste quanto a região Nordeste, além de serem as mais povoadas, possuem os maiores registros de secas e falta de água no decorrer dos anos.
Os grandes centros urbanos são muito mais povoados, além da intensa demanda dos recursos hídricos devido à maior atividade econômica e de produção, pois são regiões que possuem maior ação da indústria. Assim, nas grandes cidades há um desafio no abastecimento pela utilização da mesma fonte hídrica para diferentes usos, o que gera conflitos relacionados à quantidade e à qualidade da água.
Geralmente os mananciais que fornecem água para essas regiões são aproveitados através de sistemas de abastecimento que atendem várias cidades ao mesmo tempo de forma interligada. Por isso é muito importante ter um planejamento eficiente, bem executado, pois toda infraestrutura hídrica nessas regiões é muito mais complexa e demanda mais investimentos.
Segundo a Carta Magna do nosso país, a Constituição de 1988, é responsabilidade dos governos estaduais gerir e administrar a captação e distribuição de água, porém o governo federal também tem a responsabilidade de fornecer verbas públicas e realizar obras interestaduais. Sendo assim, por questões políticas e administrativas dos governos para gerir água para toda população, podem haver falhas no planejamento da distribuição dos recursos hídricos.
Lembrando que para haver um abastecimento de água potável eficiente, também é crucial um sistema de saneamento básico para evitar a contaminação dos mananciais e corpos hídricos.
Pensando nisso, a Agência Nacional de Águas (ANA), em parceria com a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, elaborou o Atlas Esgotos - Despoluição de Bacias Hidrográficas. Atlas Esgotos é um estudo que apresenta informações, diagnósticos, propostas de soluções para todas as cidades do país e estratégias para investimentos em esgotamento sanitário até 2035.
No Brasil, os locais que mais demandam água para uso industrial, segundo informações dos relatórios de Conjuntura dos Recursos Hídricos, são as regiões hidrográficas Atlântico Sul, Atlântico Sudeste e do Paraná, exatamente nessa ordem. Isso ocorre porque nessas regiões se concentram as cidades com maior atividade econômica do país.
Para se ter uma ideia, em bacias como a do Rio Tietê, em São Paulo, e da Região Hidrográfica do Paraná seu uso principal é voltado ao setor industrial, correspondendo a aproximadamente 45% da vazão de retirada da bacia, de acordo com estimativas realizadas pela ANA.
Para saber mais acesse o mapa interativo da demanda pela água desenvolvido pela ANA e visualize onde estão concentrados os principais usos no Brasil.
O Brasil possui um dos maiores potenciais hidrelétricos do mundo, com diversos empreendimentos no setor, que são classificados em três tipos, conforme a capacidade de gerar energia, como segue abaixo:
O Brasil possui 12 regiões hidrográficas, dentre elas está a Região Hidrográfica Amazônica (RH Amazônica), que possui o maior potencial hidrelétrico do país, porém apenas uma pequena parcela é aproveitada.
Já a Região Hidrográfica Paraná (RH Paraná), onde está instalada a usina hidrelétrica binacional de Itaipu, tem parte considerável do seu potencial já em utilização.
A usina hidrelétrica Itaipu Binacional está localizada no Rio Paraná, no trecho de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, 14 km ao Norte da Ponte da Amizade, nos municípios de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Hernandarias, no Paraguai.
A ANA tem um mapa interativo da hidroeletricidade, onde é possível visualizar a distribuição dos empreendimentos hidroelétricos do país, entre outras informações. Você pode acessar clicando aqui.
A Agência Nacional de Águas (ANA), fez um estudo com levantamentos, dados precisos e atualizados sobre os usos consuntivos da água. Essas informações constam no Manual de Usos Consuntivos da Água no Brasil, que traça um panorama das demandas pelos recursos hídricos em todos os municípios brasileiros, com informações desde 1931 até estimativas em 2030. Isso é possível devido a uma profunda revisão dos métodos e das bases de dados disponíveis.
No gráfico abaixo, através dos dados detalhados da ANA, podemos ver que dentre os dez municípios que mais retiram água no Brasil, os que têm maior retirada são as maiores capitais do país, São Paulo e Rio de Janeiro respectivamente. E o uso predominante nessas duas capitais é o abastecimento humano.
Já nos demais municípios o uso predominante é a irrigação, sendo áreas de uso intensivo para produção de arroz sob inundação (municípios do Rio Grande do Sul) ou de produção de frutas e cana-de-açúcar no Semiárido (Petrolina e Juazeiro).
Se quiser mais detalhes sobre usos consuntivos em todos os municípios, acesse www.snirh.gov.br/usos-da-agua.
Um uso é considerado consuntivo quando a água é consumida, total ou parcialmente, no processo a que se destina, não retornando diretamente aos corpos hídricos de onde foi retirada.
A água possui diversos usos importantíssimos para o ser humano. Em meio a tantos usos é muito importante ter dados precisos e atualizados sobre esses usos, e através desses levantamentos poder delimitar estimativas e criar diretrizes para o uso da água, como a ANA fez ao criar o Manual de Usos Consuntivos da Água no Brasil.
Dessa forma é possível ter um panorama do consumo dos municípios para traçar melhores estratégias para que a água potável chegue a todos, principalmente nesse cenário em que o Brasil teve de enfrentar a pior crise hídrica dos últimos 91 anos. Podemos ver que o Rio de Janeiro é a segunda cidade que mais retira água no Brasil, logo após São Paulo, sendo o principal uso para abastecimento humano nas cidades.
Porém em todo país são retirados 2,098 milhões de litros de água por segundo para irrigação, abastecimento, fins industriais e geração de energia. Por isso o uso consciente não apenas da população, mas da sociedade como um todo é importante para que todos os usos da água sejam atendidos.
E, nós do Água Menezes não poderíamos deixar de mostrar como é importante saber mais e compreender melhor sobre água potável. Nosso trabalho é levar até você não apenas água, mas também como cuidar desse bem precioso à vida em todo planeta.
Gostou? Então compartilhe! Até a próxima!
